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“Ainda sofro muito preconceito” relata miss Rondônia

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A estudante de Arquitetura e Urbanismo Mariana Theol Denny Alves, de 19 anos de idade nunca pensou em seguir a carreira de modelo. Engajada no esporte, sempre pensou que seria ele o responsável por lhe trazer reconhecimento. E foi durante um jogo de basquete, seu esporte preferido, que tudo mudou. Mariana foi abordada por uma scouter que a convenceu a participar da seletiva do Miss Rondônia em 2016.

A jovem, sem muitas pretensões em seguir a carreira de modelo, acabou vencendo o concurso. Foi a escolhida entre outras dezesseis meninas que sonhavam em ganhar o título. “Isso não estava nos meus planos. Sempre chamei a atenção desde pequena por causa da minha altura mas o esporte sempre foi a minha paixão. O meu um metro e oitenta e três centímetros me rendeu mais esta oportunidade” destacou.

Foi aí que as coisas começaram a mudar para Mariana. Tão pouco tempo para se preparar para o concurso em Rondônia e menos ainda, para o Miss Brasil Be Emotion 2016, ocorrido em São Paulo. Foi um misto de emoções. Num piscar de olhos, Mariana Theol ganhou a oportunidade dos sonhos de muitas jovens modelos. “Foi uma honra, um privilégio” declarou.

O título de Miss Brasil ela não levou, mas Mariana ganhou muito mais. O título de mulher mais bonita de Rondônia lhe abriu muitas portas. Hoje a modelo é reconhecida não só por sua beleza, mas pela sua garra e história. A Miss Rondônia, que é descendente de barbadianos, um dos primeiros povos imigrantes a virem para o estado durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, sente-se orgulhosa por ser a primeira miss negra a representar Rondônia. “Represento uma raça que há muito tempo sofre com o preconceito. A cor da nossa pele e o nosso cabelo não nos torna nem melhor nem pior que ninguém. Essa conquista é nossa” ressalta.

E é preconceito que ainda entristece a modelo. “Ganhei visibilidade com o título mas isso não me deixou imune aos comentários preconceituosos das pessoas. Infelizmente ainda ouço muita piadinha das pessoas, principalmente por causa do meu cabelo afro. Isso me entristece, mas não me abala. Tenho orgulho da minha raça e o nosso empoderamento significa o comprometimento com a luta pela equidade”.

Mariana participou de um Miss Brasil histórico. Concorreu ao lado de belíssimas mulheres, inclusive de outras 5 negras que rendeu à representante do Paraná, Raissa Santana, o título de mulher mais bonita do Brasil. A atual Miss Brasil é a segunda negra a ser coroada em 62 anos de história do tradicional concurso de beleza. “Ela me representa. É como se eu também tivesse levado o título” ressaltou Mariana.

Quanto ao futuro em relação à carreira de modelo, Mariana explica: “Não pretendo continuar. Arquitetura e Urbanismo é uma área que eu amo e meu objetivo é crescer cada vez mais na profissão”, finaliza.

A eterna Miss Rondônia pode não continuar desfilando nas passarelas, mas com certeza, será sempre lembrada por todos como a primeira miss negra de Rondônia e única representante da região norte no Miss Brasil 2016.

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Tags : destaqueEntrevistaModa
Renata Vannier

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